domingo, 6 de dezembro de 2009

ESPÉCIES EM EXTINÇÃO

Espécies em Extinção

Animais

Onça

No cenário das alterações por que passa o meio ambiente, o empobrecimento da diversidade biológica talvez seja o mais importante, pois é o único totalmente irreversível. Qualquer espécie animal ou vegetal, por mais insignificante que possa parecer, desempenha um papel insubstituível no ecossistema do qual faz parte e é produto de milhares de anos de evolução.

Quando o último representante de um determinado tipo de animal ou vegetal é eliminado, nunca mais poderá voltar a existir. Lamentavelmente este é o caso de muitas espécies.

A UICN, importante organização internacional de conservação da natureza, estima que, em todo o mundo, de uma a duas espécies de plantas são extintas por dia, enquanto as de animais varia de 50 a 250 por dia.

São três as principais causas da extinção de seres vivos. A mais conhecida entre elas, a caça, é considerada responsável pela eliminação de quase um quarto das espécies. A destruição de habitats contribui com 36%.

A menos conhecida delas, porém de grande importância, é a introdução de espécies, responsável por 39% da destruição. A literatura é pródiga em exemplos de plantas e animais que foram levados pelo homem de uma região para outra, provocando verdadeiros desastres ecológicos. Um caso recentemente divulgado mostra como o sapo-cururu, animal tão conhecido das crianças do Brasil, pôde causar danos ambientais na Austrália, onde foi introduzido em meados deste século.

Ararinha-azul: Cidade se Une para Salvar Ave em Extinção

"A esperança em Curaçá não é verde. É azul". O lema, do vaqueiro Zé do Roque, de Curaçá, no sertão da Bahia, retrata a união da comunidade do pequeno povoado às margens do Médio rio São Francisco em torno da salvação da ararinha-azul, espécie de ave em extinção que vive na Caatinga. De caraibeira em caraibeira, um único exemplar do pequeno pássaro de apenas 400 gramas, 30 centímetros e plumagem azul-cinza sobrevive, solitário, em liberdade. Com seu longo canto, procura atrair uma companheira, nas árvores ribeirinhas onde costumam fazer ninhos, mas as outras 37 ararinhas-azuis existentes no mundo estão em cativeiro.

Cada vez que abre suas asas, Severino, como foi apelidado pela população de Curaçá, desenha no céu a simbiose que Deus lhe deu com a natureza. Para viver, o pássaro de sangue azul precisa do verde das matas ciliares que pontilham no município, cravado na região semi-árida do norte do Estado da Bahia, ao longo do riacho da Melancia. Ocorre que o habitat já devastado da Cyanopsitta Spixii está sendo destruído também pelos bodes dos sertanejos. Daí a necessidade de atrair a ajuda de toda Curaçá.

Para tentar evitar a extinção da ave, o Ibama, órgão responsável pela preservação do meio ambiente, criou, em 1990, o Comitê Permanente para Recuperação da Ararinha-Azul, que congrega representantes da comunidade científica, do próprio órgão e criadores internacionais. À frente do projeto de campo está o biólogo catarinense Marcos Da-Ré, que desde 1991 vive num quarto de pensão da cidade, de cerca de 10 mil habitantes, para implantar um projeto arrojado de mobilização popular: o Comunidade de Conservação.

A idéia é audaciosa. Tanto na cidade, onde o mercado municipal dita o ritmo do desenvolvimento urbano, como no campo, onde a maior atividade é das lavadeiras junto aos rios, Da-Ré quer sensibilizar a comunidade sobre a necessidade de se criar uma reserva ambiental no habitat da ararinha-azul e, assim, substituir a proteção legal pela vigilância espontânea.

O biólogo já conseguiu parte dos seus objetivos: os sertanejos descobriram que a proteção ambiental também pode resultar em melhoria das suas próprias condições de vida. Por isso, têm investido nos cercados, tradicional técnica de manejo do gado que também reserva espaço ao crescimento da caraibeira, árvore para a qual a ararinha-azul sempre volta.

Todo esforço é pouco. Afinal, Severino é o último sobrevivente azul de sangue realmente nobre: carrega em seu vôo a memória biológica da espécie e é o único que ainda realmente conhece os segredos da vida em liberdade. (Marleine Cohen, Parabólicas)

Bicudinho-do-brejo

Em 1995, biólogos do Museu de História Natural do Capão do Embuia, de Curitiba (Paraná), identificaram um novo gênero de pássaro no litoral sul paranaense, um local degradado e muito próximo dos melhores centros de pesquisas do País.

O Stymphalornis acutirostris ou bicudinho-do-brejo, como foi denominado, é muito pequeno, rasteiro, e foi descoberto escondido nos banhados e locais pantanosos da região. Embora pertença à família Formicaridae, ou Papa-formiga, os ornitólogos Bianca Reinert e Marcos Bornscheim logo perceberam que não se enquadrava em nenhum outro gênero já descrito, dadas as particularidades de seu longo bico e da sua plumagem cinza-chumbo.

O mais irônico é que, recém-descoberto, o pequeno pássaro já está ameaçado de extinção. Só para se ter uma idéia do tamanho do risco, a área onde foi localizado pela primeira vez já teve sua vegetação totalmente desbastada e o brejo drenado.

Micos-leões-dourados Continuam Ameaçados

O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), um dos mais ameaçados animais da fauna brasileira, continua em perigo, apesar do enorme esforço desenvolvido por diversas organizações nacionais e internacionais para recuperar a espécie.

Originário da Mata Atlântica, no Estado do Rio de Janeiro, recente recenseamento realizado pela bióloga Cecília Kierulff, da Universidade Federal de Minas Gerais, apontou a existência de apenas 559 micos, sendo que somente 290 vivendo na Reserva Biológica de Poços das Antas, município de Silva Jardim (Rio de Janeiro). Os restantes foram encontrados em áreas particulares sem qualquer proteção, onde os desmatamentos e a caça não são fiscalizados.

Além deste problema, as populações são muito pequenas e o isolamento entre elas tem levado a altos graus de consangüinidade, que em alguns casos chega a ser de 100%.

Este fato, somado à caça e ao desmatamento que continuam a ocorrer na região, poderá levar à inviabilidade da espécie nos próximos 100 anos, prevê a bióloga.

Sapo-cururu Vira Praga na Austrália

Em 1935 o Bufo marinus, conhecido popularmente no Brasil como sapo cururu, foi introduzido na Austrália como controlador biológico de duas espécies de besouros que causavam sérios danos às lavouras de cana-de-açúcar. O projeto não foi bem feito e resultou em fracasso no controle biológico, mas o clima favorável e a existência de poucos predadores naturais transformou esta espécie introduzida em uma praga. Por ser venenoso, algumas espécies de lagartos e cobras que dele se alimentam têm apresentado acentuado declínio de suas populações em determinadas áreas.

Fonte: www.mre.gov.br

Espécies em Extinção

Extinção é um processo irreversível que ocorre quando uma população ou uma característica controlada por fatores genéticos desaparecem. Extinção pode ocorrer ao nível de espécie, como aconteceu com o mamute (Mammuthus primigenius) e ainda a nível de raça, veriedade e de genes ou alelos. Extinção é parte natural do processo de evolução.

Existem aproximadamente 1,5 milhão de espécies vivas na atualidade, que representam menos de 1 % do total de espécies que já foram contemporâneas, algum dia, do planeta Terra. A extinção só é percebida como um problema quanto a taxa de extinção excede a de especiação por um período prolongado, resultando em uma diminuição do número total de variedades de formas vivas. Esse período de extinção em massa de espécies tem ocorrido desde a evolução da humanidade, e a taxa tem se acelerado nos últimos 100 anos.

A extinção de espécies ocorre naturalmente quando existe desequilíbrio em um ecossistema ou habitat. Essas mudanças podem ser de caráter climático; temperatura, precipitação e vento; mudança no comportamento ou efetividade dos predadores, parasitas e doenças; competição entre espécies por suprimentos alimentares e limitação de recursos ambientais.

No entanto, as espécies são capazes de se adaptar às mudanças do meio, porque os indivíduos dentro das espécies não são idênticos. Portanto, alguns indivíduos possuem uma constituição genética que lhes possibilitam sobreviver e reproduzir em condições que para outros, da mesma espécie, são adversas ou inóspitas. Esses indivíduos passarão seus genes para a geração seguinte, desde que a mesma pressão de seleção continue ocorrendo.

Quando as mudanças ambientais são grandes, ou quando a variação genética dentro da população é pequena, pode existir poucos ou nenhum indivíduo cuja constituição genética lhe permita sobreviver ao novo meio. Nesse instante, poucos indivíduos irão sobreviver e a espécie irá desaparecer, ocorrendo a extinção.

Nos últimos 100 anos, a maioria das extinções relatadas, direta ou indiretamente, foram devidas às atividades humana, como a destruição do habitat ou desmatamento, inundação, drenagem, envenenamento pela poluição, alteração das condições climáticas, competição, predação, parasitismo e doenças causados pela introdução de espécies, caça e colheita, dentre outros fatores.

Em geral, populações geneticamente uniformes são menos hábeis para responder a uma forte pressão de seleção, resultante de alterações circunstanciais do ambiente, do que aquelas geneticamente diversas.

Os fatores que afetam a extinção e o desaparecimento de variedades domésticas são os mesmos descritos para os animais selvagens. Durante a história da criação de animais domésticos, um grande número de raças foram extintas. No entanto, nas últimas décadas, houve uma elevação acentuada na taxa de extinção de raças e variedades que representam uma perda dramática de variabilidade genética no pool global de reservas genéticas domésticas.

Variações dentro de uma população originam-se devido a existência de alelos diferentes, ou múltiplas opções genéticas, que podem ocorrer no mesmo locus de um cromossomo, em indivíduos diversos. A freqüência desses alelos permanecem de maneira constante em uma grande população em um meio ambiente estável e é uma característica particular dessa população.

A pressão de seleção resulta em alguns indivíduos produzindo mais descendentes viáveis do que outros, mas quando as pressões de seleção são conflitantes, existe um limite em possíveis mudanças controladas geneticamente. Por exemplo, um grande touro pode ser muito mais hábil em uma disputa com seu rival para garantir maior número de acasalamentos.

Entretanto, se esse grande animal não consegue obter ou consumir alimento suficiente para satisfazer suas necessidades nutricionais em manter um grande corpo, ele poderá não sobreviver e nem reproduzir de maneira satisfatória. Esse exemplo mostra um simples conflito de pressão de seleção para tamanho grande ou pequeno.

Em populações reais, muitas pressões de seleção podem ocorrer ao mesmo tempo atuando sobre os indivíduos e o resultado é que a freqüência de opções genéticas dentro da população estão em constante mudanças. Uma pressão de seleção extrema atuando contra um determinado alelo em favor de outro pode resultar no completo desaparecimento e extinção do gene menos favorecido.

A principal causa da extinção ou desaparecimento de genes dentro de uma população é a seleção. Até o presente, a engenharia genética e as modernas técnicas de biotecnologias não foram o capazes de reconstruir um material genético que foi perdido pela extinção.

Raças são variedades identificáveis dentro de uma espécie. A partir do momento em que se extinguem, as raças não podem ser ressuscitadas em sua magnitude. Entretanto, existem instâncias onde o ancestral original ou descendentes da população ainda existem, e onde as condições ambientais e a descrição racial são bem conhecidas.

Nesse caso, há possibilidade de recriar a raça, por meio da seleção, retirando indivíduos que apresentam muitas características fenotípicas e que podem ainda carregar muitos genes da mesma variedade. No entanto, essa nova população recriada nunca terá a exata constituição genotípica da raça perdida.

Genes perdidos de uma raça podem, teoricamente, serem resgatados de três maneiras. Primeiramente, se o referido gene existir em outra raça ou espécie e ser reintroduzido por cruzamento ou engenharia genética. O problema é a habilidade em identificar e localizar esse gene paralelo, e então transferi-lo apropriadamente e conseguir novamente, sua expressão.

A segunda maneira é construir artificialmente a seqüência de DNA do gene. A dificuldade nesse caso é que precisamos saber previamente a seqüência do gene extinto. Finalmente, o gene perdido pode aparecer por uma mutação espontânea, ao acaso.

Até o presente momento é praticamente mais viável e simples manter as espécies, raças e genes funcionais em um ambiente genético in vivo, no qual sua expressão pode ser predita, do que permitir sua extinção e então ser forçado a tentar sua reconstrução. Para todos os propósitos práticos, extinção é para sempre, e a conservação é uma política relativamente simples contra a perda de recursos genéticos.

É com essa finalidade, de manter viva a diversidade genética de nossos rebanhos caprinos (cabras Azul e Marota) e bovino (Pé-Duro), que a Embrapa Meio-Norte, mantém três núcleos de preservação permanente in situ, em Teresina, Castelo do Piauí e São João do Piauí. Essas raças se encontram em perigo de extinção devido a substituição e absorção por raças exóticas como os caprinos anglonubianos e boer além de bovinos de origem zebuína.

Fonte: www.embrapa.br

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