sábado, 28 de novembro de 2009

O MAL USO DA ÁGUA


O mal uso da água – o Mar de Aral
A forma como a água doce é utilizada, particularmente na agricultura, deixa muito a desejar. Em alguns lugares, os recursos hídricos são usados em excesso, não dando tempo para que eles se renovem. Em outro lugares, o desperdício em uma área priva o seu uso em outros lugares, levando a diminuição da produção agrícola e a perda de empregos e trabalho. O uso inadequado se dá quando ela é retirada e retorna para o sistema hídrico de forma imprópria, em que não pode ser reutilizada.
A água usada na irrigação é freqüentemente contaminada por sais, pesticidas e herbicidas. As industrias e centros urbanos também retornam água contaminada para os mananciais da superfície e sob o solo.
Rios secos são um bom exemplo do uso inadequado dos recursos de água doce. O uso excessivo em um lugar significa escassez em outro. Os deltas planos e férteis de vários rios já foram centros de alta produção agrícola. Onde os rios não correm mais e não há água para irrigação, produtores e comunidades que vivem de agricultura param de produzir e a produção local cai.
Um dos resultados mais lamentáveis do mal uso da água está em alguns grandes rios – HuangHea, o rio Colorado e o Sebelli – agora secos antes de alcançar o oceano. Outro exemplo de destruição e desastre ambiental está no Mar de Aral. Situado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão, o Mar de Aral era o quarto maior mar interior da Terra, com 66.1 mil quilômetros quadrados. Suas águas eram renovadas e alimentadas pelos rios Amu Daria e Sir Daria. O desvio da água desses dois rios para os projetos de irrigação das plantações de algodão, realizados pelo então governo da União Soviética, consumiram e secaram 90% da água que chegava ao Aral. O resultado foi desastroso: 27 mil km2 secaram e o que era fundo do mar transformou-se em deserto. A concentração de sal dobrou, 60% do volume de água se perderam e a industria pesqueira que empregava 60 mil pessoas acabou. A maioria das espécies de peixes desapareceu e a fauna que vivia em suas margens foi reduzida significativamente.

A vida da população é afetada ainda mais pelas toneladas de areia, sal e pesticidas, usados na plantações de algodão, que são carregados pelo vento diariamente, e que atingem uma área de 300 quilômetros, aumentando os índices de câncer de garganta e doenças respiratórias.
Na ausência de água potável, a maior parte da população utiliza a água dos rios Sir Daria e Amur Daria ou dos canais de irrigação cada vez mais poluídos. A qualidade da água é péssima devido a crescente salinidade e aos pesticidas, que aumentam o risco de uma contaminação bacteriológica. O saneamento da região é péssimo, e o esgoto urbano é jogado de volta nos rios Sir Daria e Amur Daria, tornando pior o impacto no meio ambiente.

Fonte: Ecologia e Desenvolvimento – ano 9 – número 76
FAO Water website - Crops and drops – Overuse and Misuse

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